domingo, 30 de outubro de 2011

Fé e Política - Orientações Bíblicas -3

3-Dimensão política da mensagem, atitudes, vida e morte e ressurreição de Jesus

É verdade que não se encontra em Jesus de Nazaré uma preocupação diretamente política. O seu interesse básico centra-se no anúncio da chegada do Reino de Deus. O que não significa que a vida e a mensagem de Jesus devam ser consideradas como apolíticas. Pelo contrário, ambas comportam uma dimensão política. E o mesmo deve ser afirmado a respeito da morte e da ressurreição de Jesus Cristo. Procuramos, a seguir, fundamentar estas afirmações.
Jesus anunciou a vinda do Reino de Deus e fez sinais da sua presença e da sua atuação, no coração do seu momento histórico não isento de ambigüidade. Pois bem, o anúncio e os sinais do Reino bem como o modo de vida seguido por Jesus, em conformidade com a sua missão de anunciar e presencializar o Reino, contêm uma dimensão política.
 O Reino de Deus é sobretudo um dom de Deus cuja aceitação por parte do homem comporta a reconciliação com o mesmo Deus bem como a reconciliação entre os homens. Em conseqüência, o anúncio do Reino implicou, para Jesus, a crítica das perversões da convivência humana tal como era vivida na Palestina do seu tempo. Igualmente, está presente na pregação de Jesus a respeito do Reino de Deus o apelo para uma convivência fraterna, guiada pela gratuidade (resposta do homem ao amor plenamente gratuito de Deus) e não por uma relação de comercialização meramente interesseira.
É verdade que o caminho de Jesus não passou pela luta armada contra os dominadores, mas isto, mais uma vez, não significa que a sua mensagem e o seu comportamento devam ser considerados apolíticos, pois as bases mesmas dos poderes que dominavam e oprimiam as pessoas ficaram socavadas pela pregação e pelas atitudes de Jesus. De fato, as pessoas e grupos interessados na manutenção do status quo perceberam logo o perigo que as palavras e o comportamento de Jesus implicavam. Se o Reino de Deus for levado a sério, o poder dominador religioso, econômico, sociopolítico e cultural deve ser superado e substituído por uma organização de convivência humana guiada pelo amor-serviço fundado na verdade.
O Reino de Deus desmascara as pretensões sacralizadoras e idolátricas do poder dominador. O poder político, à medida que é opressor, não pode ser manifestação ou mediação do Deus do Reino. Este só pode ser mediatizado pelo amor-serviço, o único verdadeiro poder. Ora, o amor serviço não é uma realidade apolítica, pois deve levar em consideração as diversas circunstâncias (também sociopolíticas) em que os seres humanos concretos se encontram. É certo que ninguém está excluído do amor de Jesus, mas sua manifestação é muito diferente no caso dos doentes, pobres e pequenos e no caso dos fariseus e dos outros grupos que dominam e oprimem o povo dos marginalizados. Numa situação de desumanização e de injustiça, o anúncio do Reino de Deus exige também denúncia e crítica do que desumaniza. Neste sentido, não há como negar que o Reino tenha uma dimensão política. Mais ainda, o anúncio do Reino deve ser acompanhado de sinais que o presencializem, atuando já no hoje da história. Por isso a crítica da injustiça e da opressão exige o compromisso pela criação de estruturas, sistemas e situações que apontem para a plenitude da realização do Reino.

Lucas 4,16-21
        Entrou, segundo o seu costume, no dia do sábado na sinagoga  , e levantou-se para fazer a leitura.    17 Deram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, encontrou  a passagem onde está escrito:
                18         O Espírito do Senhor está sobre mim,porque me conferiu a unção  
para anunciar a boa nova aos pobres  Enviou-me para proclamar aos cativos a libertação e aos cegos, a recuperação da vista,
                              para despedir os oprimidos em liberdade,
19               para proclamar um ano de acolhimento da parte do Senhor  .
20 Enrolou o livro, entregou-o ao servente e se assentou; todos na sinagoga tinham os olhos fixos nele.    21Então, ele começou a• lhes dizer: Hoje, esta escritura se realizou para vós que a ouvis•


 Pensando nossa fé:

Quando dizemos que amamos Jesus Cristo e que somos seus seguidores, temos consciência de que este amor precisa se traduzir em ações concretas em favor dos que sofrem? Jesus relê o texto do profeta Isaias e faz dele suas palavras e sua prática , e nos seu seguidores? Como vivemos essa unção do Espírito Santo?

Para meditar:

Vejam (canto que cantamos quando nos dirigimos para Ceia do Senhor)
Frei Fabreti

Vejam: Eu andei pelas vilas, apontei as saídas como o Pai me pediu
Portas eu cheguei para abri-las, eu curei as feridas como nunca se viu.
Por onde formos também nós que brilhe a tua luz
Fala, Senhor, na nossa voz, em nossa vida
Nosso caminho então conduz, queremos ser assim
Que o pão da vida nos revigore em nosso "sim"

Vejam: Fiz de novo a leitura das raízes da vida que meu Pai vê melhor
Luzes acendi com brandura, para a ovelha perdida não medi meu suor

Vejam: Procurei bem aqueles que ninguém procurava e falei de meu Pai
Pobres, a esperança que é deles eu não quis ver escrava de um poder que retrai

Vejam: Semeei consciência nos caminhos do povo, pois o Pai quer assim
Tramas, enfrentei prepotência dos que temem o novo, qual perigo sem fim

Vejam: Eu quebrei as algemas, levantei os caídos, do meu Pai fui as mãos
Laços, recusei os esquemas, Eu não quero oprimidos, quero um povo de irmãos

Vejam: Procurei ser bem claro; o meu reino é diverso, não precisa de Rei
Tronos, outro jeito mais raro de juntar os dispersos o meu Pai tem por lei

Vejam: Do meu Pai a vontade eu cumpri passo a passo, foi pra isso que eu vim
Dores, enfrentei a maldade, mesmo frente ao fracasso eu mantive meu "sim"

Vejam, fui além das fronteiras, espalhei boa-nova: Todos filhos de Deus
Vida, não se deixe nas beiras, quem quiser maior prova venha ser um dos meus

Por onde formos também nós que brilhe a tua luz
Fala, Senhor, na nossa voz, em nossa vida
Nosso caminho então conduz, queremos ser assim
Que o pão da vida nos revigore em nosso "sim"

Fé e Política - Orientações Bíblicas -2


2. A proposta salvífica de Iahweh e a política

A política é uma realidade boa, embora, como tudo que depende da liberdade humana, suscetível de abusos. Mais ainda, a política é necessária, forma parte da realidade do homem criado à imagem de Deus; não deve, porém, ser confundida com a salvação que Iahweh oferece ao povo. Logo que uma determinada política se apresenta como a salvação, surge a oposição, especialmente profética. A salvação, dom de Deus, não deve ser confundida com a política humana, conquanto seja verdade que a política pode vir a ser uma mediação desta salvação.
Assegurada a não identificação entres salvação de lahweh e a política humana, deve ser igualmente sublinhado que, uma vez aceita a proposta salvífica divina, o povo compromete-se, num processo de libertação que é também político (êxodo) e na vivência da justiça e do amor efetivo, com repercussões diretas na área política (profetas). Quer dizer, aceitar a proposta salvífica de Iahweh implica assumir e desenvolver a dimensão política da existência humana. A teologia política atual 'tem razão quando afirma que a salvação privatizante e intimista está fora da ótica do Antigo Testamento. A revelação é uma realidade pública dirigida à comunidade, ao povo, à humanidade toda. A salvação oferecida por Deus atinge o homem inteiro, incluindo evidentemente, a dimensão sociopolítica da sua existência.
As estruturas sociais, políticas e econômicas que o homem cria são atingidas também pela interpelação à conversão e à transformação, de maneira que possam estar a serviço da humanização do homem e não da sua desumanização. Tanto as estruturas como as situações de opressão, e dominação, de miséria, de desumanização, em suas múltiplas manifestações que impedem ao homem crescer como homem, constituem negações da proposta salvífica, de Deus. Por isso, quem se abre a esta proposta assume o compromisso de lutar contra as diversas formas de marginalização, discriminação e desumanização. Compromisso este tão importante que ficará sendo, para os profetas, a pedra de toque da fidelidade a Iahweh (cf. Is 1,10-18; 58,1-8 etc.). Certamente estamos, assim, no âmbito político, sem sair, no entanto, da experiência da fé Javista.

Isaias 1, 10-18
                10         Ouvi a palavra do Senhor, ó grandes de Sodoma, dai ouvidos à instrução do nosso Deus, povo de Gomorra • .
                11         De que me serve a multidão dos vossos sacrifícios? diz o Senhor • .Os holocaustos de carneiros, a gordura dos bezerros,            estou farto deles.O sangue dos touros, dos cordeiros, e dos bodes,   não os quero mais.
                12         Quando vindes apresentar-vos diante de mim,quem vos pede • que piseis os meus átrios?
                13         Cessai de trazer oferendas vãs:a fumaça, tenho-lhe horror!
                              Lua nova, sábado, convocação de assembléia…não agüento mais crimes e festas • .
                14         As vossas luas novas e as vossas solenidades,
                              detesto-as,são um fardo para mim,estou farto de suportá-las.
                15         Quando estendeis as mãos, cubro os olhos,podeis multiplicar as orações, não as escuto:  vossas mãos estão cheias de sangue • .
                16         Lavai-vos, purificai-vos.Tirai do alcance do meu olhar as vossas más ações,
                              cessai de fazer o mal.
                17         Aprendei a fazer o bem,procurai a justiça,chamai à razão o espoliador • ,
                              fazei justiça ao órfão,     tomai a defesa da viúva.
                18         Vinde e discutamos, diz o Senhor • .
                              Se os vossos pecados são como o escarlate,
                              tornar-se-ão brancos como a neve.
                              Se são vermelhos como o carmesim,
                              tornar-se-ão como a lã.

Pensando a nossa fé:

Quais são as formas de luta contra a desumanização que estão presentes na caminhada de nossa Igreja?
Como estamos nos comprometendo com estas lutas?

Para meditar:

Quem sou eu?

por Dietrich Bonhoeffer
teólogo luterano, torturado e morto no campo de concentração durante o nazismo.

Quem sou eu?
Seguidamente me dizem
que saio da minha cela
tão sereno, alegre e firme
qual dono de um castelo.
Quem sou eu?
Seguidamente me dizem
que da maneira como falo
aos guardas, tão livremente,
como amigo e com clareza,
parece que esteja mandando.
Quem sou eu?
Também me dizem
que suporto os dias do infortúnio
impassível, sorridente e com orgulho
como alguém que se acostumou a vencer.
Sou mesmo o que os outros dizem de mim?
Ou apenas sou o que sei de mim mesmo?
Inquieto, saudoso e doente,
como um passarinho na gaiola,
sempre lutando por ar, como se me sufocassem,
faminto de cores, de flores, de pássaros,
sedento de palavras boas, de proximidade humana...
Que sou eu?
Este ou aquele?
Sou hoje este e amanhã um outro?
Sou porventura tudo ao mesmo tempo?
Quem sou eu?
A própria pergunta nesta solidão
de mim parece pretender zombar.
Quem quer, porém, que eu seja,
tu me conheces, ó meu Deus:
SOU TEU.



Fé e Política - Orientações Bíblicas -1


1- O ser humano frente à política, segundo o Antigo Testamento .

Certamente, não se encontra no Antigo Testamento uma teoria elaborada sobre a política. Mas deparamos uma intensa vida política em íntima união com a vida religiosa do povo de Israel. Como é notório, grande parte do Antigo Testamento apresenta-nos, reinterpretada segundo as várias tradições; a história do povo de Israel, sobretudo do seu relacionamento com Iahweh. Nesta história, a perspectiva religiosa e a perspectiva política se entrecruzam continuamente. A revelação de Deus utiliza a mediação da história deste povo, história bem concreta, com suas ambigüidades, sua miséria e sua grandeza. Da história de Israel, simultaneamente religiosa e política, destacamos alguns pontos que parecem mais significativos para iluminar com a luz da fé javista a realidade do que nós hoje chamamos de mundo político.

1. A libertação do êxodo
A libertação de que nos fala o êxodo faz parte da experiência fundante do povo de Israel. Trata-se de uma libertação tanto religiosa quanto política. O povo escravizado no Egito era obrigado a realizar um culto idolátrico. E assim a libertação da escravidão, libertação política, leva consigo a libertação da escravidão idolátrica para a liberdade de oferecer o culto verdadeiro ao Deus vivo que é Iahweh.
Decerto, foi em torno à experiência do êxodo que se formou a consciência religiosa e a identidade de Israel como povo. Os israelitas (tanto os descendentes. do grupo de Moisés como os descendentes dos outros israelitas já instalados em Canaã) voltarão freqüentemente sua atenção crente para a experiência da libertação do êxodo, constituída em paradigma, inspiração e força para outras libertações que o povo será chamado a viver na sua caminhada histórica. O êxodo, foi uma libertação política, mas no contexto de uma libertação religiosa. Libertação política que teria como objetivo religioso a conquista da liberdade para poder oferecer a Iahweh o culto devido (cf. Ex 3,18; 7,16.26). Na interpretação do Javista, trata-se de uma libertação política que vai possibilitar a caminhada pelo deserto até o Sinal, onde Iahweh fará um compromisso com o povo. Assim, o encontro entre Deus e o povo, no Sinai aponta para a realidade de que em toda verdadeira libertação política, encontra-se presente uma dimensão transcendente.

Exôdo 3,1-8
1 Moisés apascentava o rebanho • de seu sogro Iitrô, sacerdote de Midian. Levando o rebanho além do deserto, chegou à montanha de Deus • , ao Horeb • .  2 O anjo do Senhor • apareceu-lhe numa chama de fogo, do meio da sarça • . Moisés viu: a sarça ardia em fogo, mas não se consumia.     3 Moisés disse então: Vou chegar perto para ver esta grande visão: por que a sarça não queima?     4 O Senhor viu que ele havia chegado perto para ver, e Deus o chamou do meio da sarça: Moisés! Moisés! Ele disse: Eis-me aqui!     5 Deus falou: Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é uma terra santa.     6 E acrescentou: Eu sou o Deus de teu pai, Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Moisés cobriu o rosto, pois tinha medo • de ver a Deus.    7 O Senhor disse: Eu vi, vi a opressão de meu povo no Egito e ouvi-o clamar sob os golpes dos chefes de corvéia. Sim, eu conheço seus sofrimentos.     8 Desci para libertá-lo da mão dos egípcios e fazê-lo subir desta terra para uma terra boa e vasta, uma terra que mana leite e mel • , para o lugar do canaanita, do hetita, do emorita, do perizita, do hivita e do jebusita.

Pensando nossa fé:

Quem são aqueles que hoje estão nos cativeiros do mundo?
Deus nos chama a sermos um novo “Moisés”. Como respondemos as esse chamado?
Nossa Igreja(paróquia, comunidade, movimento, pastoral) está  manifestando a opção de Deus pelo que sofre?

Para meditar: 

Grito de um excluído
Há mais de 500 anos
que essa terra foi tomada
de sua legitima gente
por quem já era habitada
dizendo tê-la descoberto
Cabral aqui se apossou
e um povo que cá vivia
ele quase exterminou,
então começou o processo
e daí em diante se seguiu
e esse tal de progresso
quase que ao índio extinguiu
hoje, depois de 500 anos
tenho um embrólio na mão
uma dívida me foi repassada
sem que tenha visto um tostão,
gastaram por minha conta
antes mesmo de eu nascer
agora, os que estão lá na ponta
não me deixam nem comer,
tudo o que o país produz
vai para os juros pagar
não se investe no social
pois o orçamento não dá
sai governo e entra governo
pode ser PFL, PSDB ou PT
é tanto "P" que lhe digo
que eu já estou é muito "P".
Eu exijo que o meu grito
Por alguém seja ouvido
Ele não é um grito de guerra
É o grito de um excluído.

Salvador do Caculé

Vida Maria


“VIDA MARIA” é um filme curta-metragem em animação realizado com recursos do edital “3o. PRÊMIO CEARÁ DE CINEMA E VÍDEO”, realizado pelo Governo do Estado do Ceará, onde recebeu nota máxima na categoria “FICÇÃO-ANIMAÇÃO-FILME”. O curta se consagrou nos festivais de cinema em 2007 e encerrou o ano como o filme mais premiado do Brasil.
Produzido em computação gráfica 3D e finalizado em 35mm, o curta-metragem mostra personagens e cenários modelados com texturas e cores pesquisadas e capturadas no Sertão Cearense, no Nordeste do Brasil, criando uma atmosfera realista e humanizada. Maria José, uma menina de 5 anos de idade, é levada a largar os estudos para trabalhar. Enquanto trabalha, ela cresce, casa, tem filhos, envelhece.


É um filme para nos ajudar a compreender o valor da educação na libertação dos excluídos.









sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Entrega de diplomas do Curso de Segurança para porteiros.


Vejam as fotos do encerramento do Curso de Segurança de Portaria organizado pela Setor de Promoção Humana de nossa Paróquia.
O Curso foi promovido  em colaboração com o 31ª Batalhão da Policia Militar e teve como
Objetivo: Conhecer e aplicar técnicas de atendimento e proteção em portarias de condomínios. Identificar regras e normas de segurança e aplicar técnicas de atendimento de condôminos, visitantes e prestadores de serviços.
Destinou-se a zeladores, vigias, porteiros, recepcionistas, controladores de acesso e outros profissionais interessados na área.

No encerramento do curso, Luciano Vazquez, responsável pelos cursos profissionalizantes da paróquia, proferiu uma palestra sobre a importância da vida em comunidade.
O Diácono Vicente Arruda, coordenador do Setor de Promoção Humana, enfatizou a disposição de nossa comunidade paroquial em caminhar lado a lado com os cursistas , afim  não só de apoiá-los no aprofundamento da fé como também na especialização profissional.












































ASSEMBLÉIA PAROQUIAL











As  fichas de inscrição devem ser enviadas para: phsfpbarra@gmail.com

Preencha sua inscrição aqui: