domingo, 30 de outubro de 2011

Fé e Política - Orientações Bíblicas -1


1- O ser humano frente à política, segundo o Antigo Testamento .

Certamente, não se encontra no Antigo Testamento uma teoria elaborada sobre a política. Mas deparamos uma intensa vida política em íntima união com a vida religiosa do povo de Israel. Como é notório, grande parte do Antigo Testamento apresenta-nos, reinterpretada segundo as várias tradições; a história do povo de Israel, sobretudo do seu relacionamento com Iahweh. Nesta história, a perspectiva religiosa e a perspectiva política se entrecruzam continuamente. A revelação de Deus utiliza a mediação da história deste povo, história bem concreta, com suas ambigüidades, sua miséria e sua grandeza. Da história de Israel, simultaneamente religiosa e política, destacamos alguns pontos que parecem mais significativos para iluminar com a luz da fé javista a realidade do que nós hoje chamamos de mundo político.

1. A libertação do êxodo
A libertação de que nos fala o êxodo faz parte da experiência fundante do povo de Israel. Trata-se de uma libertação tanto religiosa quanto política. O povo escravizado no Egito era obrigado a realizar um culto idolátrico. E assim a libertação da escravidão, libertação política, leva consigo a libertação da escravidão idolátrica para a liberdade de oferecer o culto verdadeiro ao Deus vivo que é Iahweh.
Decerto, foi em torno à experiência do êxodo que se formou a consciência religiosa e a identidade de Israel como povo. Os israelitas (tanto os descendentes. do grupo de Moisés como os descendentes dos outros israelitas já instalados em Canaã) voltarão freqüentemente sua atenção crente para a experiência da libertação do êxodo, constituída em paradigma, inspiração e força para outras libertações que o povo será chamado a viver na sua caminhada histórica. O êxodo, foi uma libertação política, mas no contexto de uma libertação religiosa. Libertação política que teria como objetivo religioso a conquista da liberdade para poder oferecer a Iahweh o culto devido (cf. Ex 3,18; 7,16.26). Na interpretação do Javista, trata-se de uma libertação política que vai possibilitar a caminhada pelo deserto até o Sinal, onde Iahweh fará um compromisso com o povo. Assim, o encontro entre Deus e o povo, no Sinai aponta para a realidade de que em toda verdadeira libertação política, encontra-se presente uma dimensão transcendente.

Exôdo 3,1-8
1 Moisés apascentava o rebanho • de seu sogro Iitrô, sacerdote de Midian. Levando o rebanho além do deserto, chegou à montanha de Deus • , ao Horeb • .  2 O anjo do Senhor • apareceu-lhe numa chama de fogo, do meio da sarça • . Moisés viu: a sarça ardia em fogo, mas não se consumia.     3 Moisés disse então: Vou chegar perto para ver esta grande visão: por que a sarça não queima?     4 O Senhor viu que ele havia chegado perto para ver, e Deus o chamou do meio da sarça: Moisés! Moisés! Ele disse: Eis-me aqui!     5 Deus falou: Não te aproximes! Tira as sandálias dos pés, porque o lugar onde estás é uma terra santa.     6 E acrescentou: Eu sou o Deus de teu pai, Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Moisés cobriu o rosto, pois tinha medo • de ver a Deus.    7 O Senhor disse: Eu vi, vi a opressão de meu povo no Egito e ouvi-o clamar sob os golpes dos chefes de corvéia. Sim, eu conheço seus sofrimentos.     8 Desci para libertá-lo da mão dos egípcios e fazê-lo subir desta terra para uma terra boa e vasta, uma terra que mana leite e mel • , para o lugar do canaanita, do hetita, do emorita, do perizita, do hivita e do jebusita.

Pensando nossa fé:

Quem são aqueles que hoje estão nos cativeiros do mundo?
Deus nos chama a sermos um novo “Moisés”. Como respondemos as esse chamado?
Nossa Igreja(paróquia, comunidade, movimento, pastoral) está  manifestando a opção de Deus pelo que sofre?

Para meditar: 

Grito de um excluído
Há mais de 500 anos
que essa terra foi tomada
de sua legitima gente
por quem já era habitada
dizendo tê-la descoberto
Cabral aqui se apossou
e um povo que cá vivia
ele quase exterminou,
então começou o processo
e daí em diante se seguiu
e esse tal de progresso
quase que ao índio extinguiu
hoje, depois de 500 anos
tenho um embrólio na mão
uma dívida me foi repassada
sem que tenha visto um tostão,
gastaram por minha conta
antes mesmo de eu nascer
agora, os que estão lá na ponta
não me deixam nem comer,
tudo o que o país produz
vai para os juros pagar
não se investe no social
pois o orçamento não dá
sai governo e entra governo
pode ser PFL, PSDB ou PT
é tanto "P" que lhe digo
que eu já estou é muito "P".
Eu exijo que o meu grito
Por alguém seja ouvido
Ele não é um grito de guerra
É o grito de um excluído.

Salvador do Caculé

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